Inédito no país, um programa de diagnóstico a distância em doenças da retina vai ser implantado em Manaus e deve começar a funcionar em abril. A retina é uma membrana que reveste a parte interna do olho e é responsável pela formação da imagem. Entre as doenças que afetam a retina, estão o glaucoma e a retinopatia diabética, que podem ocasionar perda da visão.
O programa será custeada pelo Ministério da Saúde e executado pelo programa de telemedicina da Secretaria de Saúde do estado. Segundo o secretário Pedro Elias,a partir de abril, os pacientes poderão fazer o exame no Hospital Universitário Getúlio Vargas, onde está instalado o equipamento chamado de retinógrafo.
“Sabemos que a retinografia é especialmente importante para pacientes diabéticos. Até 45% desses pacientes com glicemia não controlada podem apresentar a chamada retinopatia diabética. No Amazonas, temos uma demanda grande. O exame será laudeado [acompanhado] a distância em centros de referência do país nessa área de teleoftalmologia, inicialmente, no núcleo de Goiás”, disse Elias.
A oftalmologista Leila Gouvêa explica como o exame é feito. Não é necessário dilatar a pupila para fazer esse exame. "Talvez não demore 2 segundos fazer uma fotografia panorâmica de até 270 graus da retina. Com o retinógrafo, é possível colocar essas imagens na internet. O exame pode ser feito por um técnico em qualquer lugar do estado ou do mundo, e enviar para qualquer lugar.”
Leila ressaltou que a retinografia pode ser feita por um técnico, sem necessidade da presença de um médico, o que facilitaria muito a feitura do exame em locais de difícil acesso. Segundo a oftalmologista, o impacto do programa vai ser "absurdo", principalmente no interior, onde resolutibilidade vai ser ainda maior.
"Vamos imaginar um bairro de Manaus onde as pessoas não conseguem consulta médica. Um técnico poderá ser deslocado para um posto de saúde, pegar os pacientes diabéticos, fazer a fotografia [da retina] e enviar para o serviço de referência em retinopatia. Depois, então, será possível selecionar e examinar aqueles que têm o problema [diagnosticado]”, enfatizou Leila.
O secretário de Saúde informou que a ideia é levar o programa também spara municípios do interior. A telessaúde extremamente estratégica para a região amazônica, especialmente para o Amazonas, disse Pedro Elias.
"A telemedicina se aplica especialmente a locais onde a distância é fator impeditivo. Temos aqui várias barreiras de acesso geográfico – as distâncias são grandes e os deslocamentos, muiito caros. Só com remoção aérea do interior para Manaus, gastamos mais de R$ 14 milhões no ano passado. À medida que se dê suporte de qualidade às pessoas que moram em locais remotos do estado, distantes do Amazonas, além de atendermos o paciente em seu município, teremos redução de custos para o erário”, acrescentou o secretário.
Nesta terça-feira (1º), a secretaria promove uma videoconferência com todas instituições envolvidas na implantação do programa, para definir o calendário de treinamento dos técnicos e o início dos atendimentos.