A pesquisa, elaborada pelo professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Cesar Victora, recebeu em março desse ano a distinção na mais importante premiação científica do Canadá, o Prêmio Gairdner. Ganhadores desse título são considerados como potenciais candidatos à indicação para o Prêmio Nobel.
- O foco atual das pesquisas mostra os ganhos a longo prazo da amamentação para o desenvolvimento infantil. Observamos os efeitos que essa característica exerce não só para saúde física, mas também para saúde mental e para o desenvolvimento intelectual do indivíduo – explica Cesar Victora.
A iniciativa foi saudada com honra pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul que trabalha pela conscientização permanente da importância do aleitamento materno. Victora recebeu o prêmio na categoria Saúde Global, concedido àqueles que, com seus achados em pesquisas, contribuem de forma positiva para a saúde de países em desenvolvimento. O título foi concedido ao médico gaúcho em reconhecimento ao conjunto de estudos sobre amamentação e nutrição materno-infantil. O pesquisador brasileiro liderou uma pesquisa, iniciada na década de 1980 e que tornou-se referência para normas internacionais. A partir dos resultados, foi adotada a sugestão de aleitamento exclusivamente materno até os dois anos de idade pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde no Brasil.
- São resultados que só podem ser obtidos em estudos de longa duração. Existem ainda achados que mostram que o aleitamento materno prolongado ajuda a desenvolver a inteligência da criança com uma série de substâncias que colaboram na formação do cérebro e ajudam a reduzir o risco do desenvolvimento da obesidade infantil – completa.
O acompanhamento é feito em cima de gerações diferentes nascidas a partir da década de 80 totalizando vinte mil pessoas analisadas.