Dores articulares ou em membros, artrite, claudicação, lesões em pele e em mucosas, febre e perda de peso podem ser algumas das manifestações de doenças reumáticas, que afetam crianças de todas as idades. Com frequência, estes quadros se desenvolvem lentamente, o que pode acarretar uma demora na procura pelo pediatra e, consequentemente, no diagnóstico. Com o intuito de orientar os pediatras para as causas dos diversos sintomas nos seus pacientes, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) promoveu o "Café com Pediatras - Conversando com o Reumato" no início de julho.
A mesa redonda contou com a presença de pediatras que atendem em serviços de reumatologia pediátrica de hospitais públicos, bem como em consultórios. Quem palestrou foram as associadas da SPRS, Maria Odete Esteves Hilário, Sandra Helena Machado e Iloite Maria Scheibel.
- Algumas doenças graves podem ter início insidioso, com manifestações pouco específicas. Porém, o pediatra, na consulta de rotina destes pacientes, deve estar atento para as possibilidades de artrite séptica, reativa, vasculites e, inclusive, de leucemia que pode apresentar-se como artrite aguda ou dor em membros, sem comprometimento do estado geral - salientou Maria Odete Esteves Hilário.
As reumatologistas destacaram que as queixas das crianças devem ser sempre valorizadas.
- Nos casos em que a queixa de dor não é localizada, geralmente referida nas duas pernas, sem claudicação, mais frequente no final da tarde e não interrompe as atividades da criança, o mais provável é que se trate de quadro benigno. Lembrar da possibilidade de hipermobilidade articular, que pode, em algumas crianças, se acompanhar de dor - afirmou Sandra Helena Machado.
Já os quadros de vasculites mais frequentes, como a púrpura de Henoch Schonlein, se acompanham de alterações cutâneas e, geralmente, não representam um grande desafio para o pediatra.
- Entretanto, há quadros mais graves, como a Arterite de Takayasu que podem se apresentar inicialmente apenas como dor em membros durante a atividade física e que devem ser lembrados. A verificação da pressão arterial e dos pulsos periféricos deve ser rotina em todas as consultas - explicou Iloite Maria Scheibel.
Para evitar que as doenças reumáticas passem despercebidas e sem tratamento precoce e adequado, as médicas alertam para a necessidade de uma história clínica detalhada e não voltada apenas para a queixa do paciente, bem como de um exame físico minucioso.