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Terapias Cognitivo-comportamentais. Como nossos comportamentos são formados?
 
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27/05/2009

Terapias Cognitivo-comportamentais. Como nossos comportamentos são formados?

Confira a entrevista com a psicóloga Ângela Leggerini de Figueiredo, em exclusividade ao SIS.Saúde

As terapias Cognitivo-comportamentais (TCC’s) surgiram ao longo do último século. A palavra “cognitivo”, que diz respeito à influência do pensamento sobre o afeto e emoções da pessoa, considera a pessoa como um ser biopsicossocial. Aliado ao campo comportamental, que aborda as condições biológicas e ambientais que propiciam ou não a emissão de determinado comportamento, os moldes atuais das TCC’s evidenciam considerável sucesso terapêutico.
 
Assim, as TCC’s entendem como as pessoas interpretam seus eventos de vida, e em quais circunstâncias determinados comportamentos apresentam maior probabilidade de serem associados ao rol de condutas de cada pessoa. Dessa maneira, o estudo integrado entre pensamento-comportamento é explicativo de condições de saúde ou doença psicológica, sendo as técnicas dessa terapia condizentes com as patologias em questão.
 
Sua efetividade tem sido descrita em várias publicações científicas, sendo considerada como tratamento eficaz em uma série de patologias, tais como dependência química, transtornos de humor, de personalidade, etc.
 
Nesse sentido, o SIS.Saúde conversou com a Psicóloga Ângela Leggerini de Figueiredo, especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais, Mestre em Psicologia Clínica e Doutoranda em Psicologia (PUCRS). É docente em cursos de pós-graduação em diversas instituições (PUCRS, UNISINOS, INFAPA, WP) e possui inúmeras publicações e apresentações em congressos na área. Ela comenta sobre as TCC’s, abordando a história e a situação atual, de modo a propiciar um panorama geral. Confira.
 
SIS.Saúde: Dra. Ângela, as TCC’s são muito comentadas nos dias de hoje. Contudo, sabemos que em outros países, como Estados Unidos, as TCC’s são empregadas há muito tempo. Comente um pouco dessa história: como as TCC’s surgiram e como chegou ao Brasil.
 
Dra. Ângela: A história das TCC’s, tendo como parâmetro outras abordagens, como a psicanálise por exemplo, é bem recente. O ponto de início dessas abordagens ocorreu com Aaron Beck e Albert Ellis na década de 60, o que historicamente é pouco tempo.
 
No Brasil, a TCC iniciou a partir de profissionais específicos, que, por conta própria, foram fazer sua formação no exterior e começaram a trazer a técnica para cá, no final dos anos 80 e início da década de 90. Apenas em meados da década de 90 é que a TCC foi incluída como disciplina curricular em cursos de Psicologia, e em muitas residências de psiquiatria ainda não é ensinada nos dias de hoje.
 
No final da década de 90, início dos anos 2000, começaram a surgir os primeiros cursos de formação regulamentados no Brasil, fato que contribuiu para a difusão da técnica e sua consequente aplicação. Apesar de hoje em dia já termos formações reconhecidas e cursos de formação robustos, ainda temos muitos desafios pela frente.
 
SIS.Saúde: O que se entende por doença mental nessa abordagem? Quais os fatores que favorecem ao adoecimento das pessoas?
 
Dra. Ângela: Em primeiro lugar, saliento que essa definição é complicada. Contudo, se tentarmos definir de modo generalista, foi a partir dos postulados de Aaron Beck e seus seguidores que podemos recorrer ao pressuposto filosófico e epistemológico da técnica. Assim, resgatamos o que já dizia Epicteto: “o que complica a vida do homem não são os fatos e si, mas as interpretações a respeito destes”.
 
De uma forma bem objetiva, inicialmente, a doença mental, para a abordagem cognitiva, foi encarada como uma disfunção no conteúdo, processamento ou armazenamento do pensamento. O que torna as pessoas doentes, então, tendo em vista esse pressuposto, pode ser tanto uma questão genética como ambiental ou apreendida ao longo da vida. Enfim, para a TCC, a origem das disfunções é multifatorial.
 
SIS.Saúde: Um tratamento cognitivo-comportamental, em geral, é longo?
 
Dra. Ângela: Para as disfunções de eixo I (conjunto de transtornos mentais, agrupados em manual diagnóstico, que incluem variações de humor, transtornos ansiosos e quadros orgânicos; nota SIS.Saúde), como ansiedade e depressão, os protocolos terapêuticos costumam variar de 12 a 20 consultas. Já para os transtornos de personalidade (transtornos agrupados no eixo II; nota SIS.Saúde), as abordagens como a terapia comportamental dialética, que é uma das formas de TCC, podem durar de 2 a 6 anos, ou mais.
 
SIS.Saúde: Que pessoas você entende que poderiam se beneficiar com esse tratamento?
 
Dra. Ângela: Todas as pessoas que tem motivação e algo em seu comportamento ou pensamento que gostariam de modificar. Existe um mito que as TCC`s só são eficazes para a depressão, o que não condiz com a realidade, tampouco com a literatura. As TCC’s podem ser muito válidas para diversos transtornos, inclusive características de personalidade.
 
SIS.Saúde: Em quais patologias as TCC’s têm apresentado os melhores resultados?
 
Dra. Ângela: As patologias nas quais as TCC’s são indicadas pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) como tratamento “Gold” ou primeira opção são: Depressão, Transtorno de Humor Bipolar, Transtornos de Ansiedade (pânico, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo, Fobias, estresse pós-traumático), transtorno de personalidade borderline, entre outros.
 
SIS.Saúde: Para os nossos leitores, técnicos ou leigos interessados no tema, você teria alguma sugestão de leitura?
 
Dra. Ângela: Para começar, costumo sugerir “Apreendendo a Terapia Cognitiva Comportamental” de Monica Basco, que é um guia básico e vem acompanhado de DVD, que ilustra vinhetas de consultas.
 
 
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Autor: SIS.Saúde
Fonte: Ângela Leggerini de Figueiredo

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