Mais da metade dos pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) necessitam de ventilação mecânica em algum momento da sua estada. Uma difícil tarefa é a retirada desse equipamento. Com risco de falha em 30% dos casos, a técnica depende da expertise médica, organização do trabalho multidisciplinar e seguimento rigoroso de protocolos clínicos.
A equipe do Centro de Tratamento Intensivo Adulto (CTI-A) do Hospital Moinhos de Vento, liderada por médico intensivista Cassiano Teixeira, realizou um estudo para avaliar se a implementação de um protocolo multidisciplinar voltado a retirada dos pacientes da ventilação mecânica melhoraria os resultados clínicos dos pacientes. A pesquisa foi publicada no periódico americano The Journal of Critical Care.
Foram investigados os pacientes dependentes de ventilação mecânica ao longo de sete anos. A estratégia multifacetada consistiu na educação contínua dos médicos assistentes e funcionários do CTI sobre as formas de aplicação e os resultados do protocolo. O estudo foi conduzido em três fases: desenvolvimento do protocolo, execução do protocolo e monitoramento dos resultados.
“Uma diferente abordagem pode aumentar a adesão do médico assistente ao protocolo e melhorar os resultados clínicos dos pacientes”, afirma Cassiano.
O estudo
Foram avaliados 2.469 pacientes em sete anos. Durante o período, a adesão do médico assistente ao protocolo aumentou de 38% para 86%. O sucesso foi maior em pacientes submetidos ao protocolo (85,6%) em comparação com aqueles pacientes submetidos à retirada da ventilação mecânica com base na prática clínica (67,7%) sem seguir o método proposto.