Na próxima quinta-feira (23), o Hospital Moinhos de Vento recebe, pela primeira vez, o encontro mensal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica - regional RS (CIPE-RS). O gastroenterologista pediátrico José Vicente Spolidoro irá abordar o tema jejum pré e pós-operatório, tema de novas discussões.
O presidente da entidade e cirurgião pediátrico do Serviço de Pediatria do Moinhos de Vento, Eduardo Costa, informa que as reuniões são realizadas para atualizar especialistas sobre temas relevantes da área.
Costa explica que o jejum tem passado por novas diretrizes, pois, deixar uma criança sem comer por um longo período pode não ser uma tarefa fácil. O especialista explica que, dependendo da idade e do tamanho, a criança tende a não compreender a necessidade do preparo. Além disso, estarão em um ambiente que, na maioria das vezes, é hostil até mesmo para adultos.
“Na maior parte dos procedimentos cirúrgicos, se faz necessário o suporte com anestesia. Normalmente, é utilizada a geral e, algumas vezes, a sedação. Para esses casos, pode ocorrer a redução ou eliminação do reflexo da tosse que protege a via aérea, fazendo a criança ficar mais suscetível a regurgitar ou vomitar, correndo o risco de aspiração para o pulmão. Essa complicação não é comum, mas pode ocasionar consequências graves”, descreve Costa, que acrescenta: “a forma mais segura de se prevenir é através do jejum pré-operatório. Promovendo assim o esvaziamento do estômago e diminuindo a chance da aspiração”.
Por conta do risco de manter a criança muito tempo em jejum, a Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA, na sigla em inglês) apresentou novas indicações para o pré-operatório:
· 6 horas para refeições leves ou fórmulas lácteas de origem não humana
· 8 horas ou mais para refeições com frituras, gordura ou carne vermelha
· 3 horas para leite materno
· 2 horas para líquidos claros (transparente e sem resíduos)
Na orientação, outras estratégias como o agendamento da cirurgia pela manhã e o preparo da criança para o procedimento em um ambiente lúdico podem reduzir os fatores de estresse causados pelo jejum.
“Outro ponto importante é quando o paciente poderá voltar a comer. Atualmente, a reintrodução da dieta no pós-operatório tem sido o mais precoce possível, geralmente quando paciente está bem acordado. Porém, em cirurgias de grande porte ou quando há intervenção do sistema digestório pode ser necessário um jejum pós-operatório também”, enfatiza Costa.
As recomendações levam em conta pacientes submetidos a cirurgias eletivas. Normalmente, há variações em cirurgias de urgência, e também nos protocolos de cada instituição de saúde.
O médico ressalta ainda que o número de cirurgias pediátricas é relevante. “Se considerarmos somente o Hospital Moinhos de Vento, em um ano temos em torno de 700 cirurgias, além de 900 atendimentos de urgência. Boa parte envolve procedimentos que necessitam de anestesia ou sedação”.
O encontro mensal da CIPE-RS, nesta quinta (23), será às 19h30min, na Sala 2, no térreo do Bloco B do Hospital Moinhos de Vento, com acesso pela rua Tiradentes, 333.