O glaucoma é uma doença crônica silenciosa que não tem cura, mas tem tratamento. Apesar de todos os avanços tecnológicos, ainda é o maior causador de cegueira irreversível no mundo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), estima-se que aproximadamente 2 milhões de pessoas com mais de 40 anos sejam afetadas pela enfermidade no Brasil.

Conforme aponta o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 111,8 milhões de pessoas podem sofrer com a doença até 2040, sendo que 5% resultarão em perda total da visão. Por não apresentar sintomas, muitos portadores não sabem que sofrem com o problema. No mundo, cerca de metade dos pacientes com glaucoma desconhece seu diagnóstico. No Brasil, este índice pode chegar a 80% dos casos.

A doença é caracterizada por danos ao nervo óptico, estrutura dos olhos responsável por permitir ao cérebro reconhecer as formas e cores captadas pelo olho. A Dra. Paula Gross, oftalmologista do corpo clínico da Clínica Visão e membro da SBG, destaca a importância do diagnóstico e tratamento precoce para evitar que a doença cause problemas mais graves.

"Por se tratar de uma doença silenciosa, os sintomas do glaucoma costumam aparecer somente em etapas já avançadas, com o início da perda da visão periférica. Justamente por isso é fundamental manter visitas regulares ao oftalmologista, a fim de diagnosticar o quanto antes a doença e iniciar o tratamento", ressalta Paula.

Apesar de incurável, é possível controlar a doença através da redução da pressão intraocular (PIO). A PIO elevada é o principal fator de risco modificável (tratável) para controle do glaucoma, mas não é o único. Outros fatores de risco importantes são: história familiar de glaucoma, etnia africana ou asiática, idade acima de 40 anos, altos graus de miopia, utilização crônica de medicamentos com corticoides, entre outros.

Ainda que seja mais comum que o glaucoma ocorra com o envelhecimento (a partir dos 40 anos de idade), é possível ter a doença em idades mais jovens e até mesmo de forma infantil ou congênita. Neste caso, a córnea fica esbranquiçada e opaca, o globo ocular se deforma e fica com o aspecto aumentado, a criança lacrimeja muito e mal consegue abrir os olhos por conta da sensibilidade aumentada à luz (fotofobia).

O acompanhamento com o médico oftalmologista é fundamental para suspeitar do diagnóstico precoce do glaucoma, que é mais difícil do que outras doenças crônicas, pois o nervo óptico doente nas suas fases iniciais apresenta apenas sinais sutis. Além disso, a medição da PIO na hora das consultas pode acender um alerta, se estiver elevada, mas normal não exclui diagnóstico de glaucoma. Sendo assim, a SBG alerta aos pacientes que sempre perguntem ao oftalmologista como está o aspecto do seu nervo óptico e a sua PIO, especialmente se tiver familiares de primeiro grau portadores de glaucoma.

Em casos de suspeita, o oftalmologista solicitará exames para avaliação do nervo óptico (avaliação do campo visual, retinografia, tomografia de coerência óptica), bem como exame do ângulo da câmara anterior do olho para investigar se a drenagem é ampla ou estreita (ângulo aberto ou estreito).

O tratamento inicial do glaucoma almeja reduzir a PIO com o uso de colírios medicamentosos e/ou aplicações de laser na área de drenagem interna do olho. Em alguns casos, são necessárias intervenções cirúrgicas. Finalizando, a Dra. Paula Gross ressalta que assim como o nosso corpo envelhece com o passar das décadas, os nossos olhos também começam a apresentar alterações com a idade e glaucoma é uma delas. "Sendo assim, é muito importante que façamos nossas consultas regulares com o oftalmologista pelo menos a cada 2-3 anos a partir dos 40 anos de idade, mesmo que não tenhamos queixas de visão, para que a saúde integral dos nossos olhos seja revisada. Conhecimento é poder, acompanhar um paciente suspeito de glaucoma com exames e chegar ao diagnóstico de forma inicial é a principal medida para evitar a cegueira pelo Glaucoma. Cuide de seus olhos. Não deixe o glaucoma tirar a sua visão", destaca.