Mesmo nas cidades onde os equipamentos para realização de mamografias estão disponíveis, muitas vezes o atendimento é precário devido à falta de técnicos para operar as máquinas. Esse é um dos problemas apontados no 1º Fórum Intersetorial de Controle do Câncer de Mama do Estado de São Paulo, promovido pela Sociedade Americana de Câncer (ACS, em inglês), que terminou hoje (4).
De acordo com o diretor da organização, Gustavo Azenha, a baixa remuneração paga no setor público para os operadores dos mamógrafos acaba reduzindo o número de profissionais interessados na função.
Na avaliação dele, a falta de recursos humanos e a gestão ineficiente são responsáveis pelas grandes listas de espera para realizar o exame. Segundo Azenha, em um centro bem equipado como a capital paulista, a espera é de no máximo um mês, mas em locais mais afastados da região norte, pode chegar a seis meses.
“A fila de espera não impede [de realizar o exame], mas às vezes desestimula”, afirmou. Segundo a ACS apenas 50% das mulheres com 40 anos ou mais realizam mamografia.
A mamografia é a ferramenta mais importante no combate ao câncer mama, de acordo com o diretor da ACS. “Tem muita gente que ainda acha que o autoexame é suficiente”. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica a realização anual de mamografia a partir dos 50 anos de idade.
A desatualização da tabela de medicamentos contra o câncer oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi outro problema apontado por Azenha. Ele destacou que a lista de remédios oncológicos do SUS foi atualizada pela última vez há dez anos. “Tem coisas que já são comprovadas [em outros países] que não foram adotadas. E tem coisas na tabela, que segundo pesquisas mais recentes talvez não faça sentido utilizar”, disse.
Azenha destacou ainda que é preciso dar uma melhor assistência aos casos crônicos ou terminais da doença. Segundo ele, muitas vezes o sofrimento desses pacientes poderia ser diminuído se o acesso a analgésicos, como a morfina, fosse facilitado.
Segundo a ACS o Brasil tem 49 mil novos casos de câncer de mama por ano, 15 mil apenas no estado de São Paulo.