A ansiedade generalizada pode ser causada por um descontrole de uma parte do cérebro que ativa as emoções. Essas são as conclusões de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, EUA, e publicado no American Journal of Psychiatry. Os autores dizem que essa descoberta pode mudar a forma com que esses indivíduos são tratados e em como se entende as emoções do ponto de vista destas pessoas.

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é marcado por sentimentos extremos de medo e incerteza. Essas pessoas vivem em um constante estado de preocupação, o que pode afetar seu dia a dia, diz Amit Etkin, o autor principal do estudo.

Para a pesquisa, Etkin e outros pesquisadores apresentaram, para um grupo de pessoas saudáveis e outro de pessoas com TAG, imagens de diversos rostos demonstrando diferentes emoções. Muitas vezes essas imagens eram pareadas – duas ou mais figuras demonstrando a mesma emoção –, outras vezes a sequência de imagem era apresentada de maneira incongruente. No estudo, os pacientes com TAG não tinham problemas em reconhecer emoções e também não pareciam apontá-las como amedrontadoras.

Porém, a diferença entre esses e outros participantes saudáveis era o tempo de reação às imagens. Nos pacientes com TAG, esse tempo era maior, e quando as imagens eram incongruentes esse tempo aumentava ainda mais.

Os pesquisadores afirmam que os pacientes com TAG usavam informações das imagens anteriores para fazer a leitura da próxima imagem apresentada. A hipótese é que esse processo de associação negativa entre as emoções presenciadas se dê inconscientemente nos participantes que sofrem do transtorno.

Em um estudo anterior, Etkin havia demonstrado que pessoas saudáveis, quando apresentadas às sequências incongruentes de imagens, uma parte específica da amígdala View definition in a new window cerebral era ativada. Essa parte do cérebro inibia algumas reações da amígdala View definition in a new window, regulando associações emocionais negativas. Entretanto, isso não acontecia com os pacientes com TAG, o que poderia indicar algum problema com os circuitos neurais dessas pessoas.

Entender essas relações que ocorrem no córtex pré-frontal pode levar ao diagnóstico mais preciso do transtorno e a tratamentos mais efetivos. Isso poderia ajudar médicos e profissionais de saúde mental a direcionar tratamentos para melhorar essa regulagem de emoções em pessoas com TAG e também ajudar com novos dados que poderiam ser usados pelos psicoterapeutas durante o tratamento.