.
 
 
Odontologia do Esporte: mercado de trabalho, alto desempenho esportivo, inclusão social
 
Entrevistas
 
     
   

Tamanho da fonte:


03/06/2010

Odontologia do Esporte: mercado de trabalho, alto desempenho esportivo, inclusão social

“O quadro de medalhas olímpicas do Brasil ainda não demonstra a força da nossa miscigenação. Isto porque passamos, anos e anos, apenas esperando os bons frutos. Há muito pouco tempo descobrimos que para sermos uma potência olímpica, precisamos investir no esporte”, Alexandre Ueda, coordenador do CODEC, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO

Além das oportunidades de negócios – novas construções dedicadas à prática esportiva, como estádios, novas pontes e estradas, reformulação do sistema de transporte, ampliação da capacidade hoteleira, geração de milhares de empregos – os atletas e representantes de federações esportivas esperam que eventos grandiosos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, consolidem a cultura esportiva e facilitem o acesso da população às diversas modalidades.

No campo da Odontologia, as reflexões recaem sobre o mercado de trabalho e sobre a importância do atendimento odontológico prestado aos atletas: “Hoje, acreditamos que a Odontologia do Esporte pode ser o diferencial de sucesso na carreira do atleta e no esporte de alto-rendimento no Brasil”, defende o cirurgião-dentista Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO, que nesta entrevista aborda o crescimento da Odontologia do Esporte e destaca a necessidade de um maior investimento em prol do desenvolvimento do esporte no País.

- Com a realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, no Brasil, aumentam as perspectivas da Odontologia do Esporte se expandir com mais rapidez entre os dentistas brasileiros como um novo e promissor mercado de trabalho?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO - Sim, as esperanças são crescentes, inclusive a de torná-la uma especialidade reconhecida como tal pelo Conselho Federal de Odontologia, CFO. A história da Odontologia do Esporte no Brasil é muito recente ainda e muito marcada pela atuação do cirurgião dentista Mário Trigo, falecido em 2008. Pioneiro, acompanhou as seleções brasileiras bicampeãs mundiais de futebol de 58 e 62, além da seleção de 1966. Trigo foi, até hoje, o único cirurgião-dentista a viajar com a delegação brasileira e a receber as faixas de campeão juntamente com os atletas – em 58 e 62. Na verdade, a presença de Mário Trigo na delegação campeã mundial de 1958 foi o primeiro grande passo para a valorização da Odontologia do Esporte no Brasil. Um eterno apaixonado por futebol, a ponto de jogar algumas partidas pelo Fluminense (como amador), o cirurgião-dentista Mário Trigo chegou à seleção nacional através do médico Hilton Gosling, que conhecera na época da universidade e com quem trabalhara em clubes cariocas.

- É verdade que Mário Trigo quase desiste da “empreitada” de ser o dentista da seleção brasileira ao se deparar com as reais condições de saúde bucal da nossa seleção de 58?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO - Recém-convocado, Trigo logo viu sua habilidade e senso de oportunismo serem postos à prova: às vésperas da viagem para a Copa da Suécia, em 58, tinha diante de si o desafio de “colocar em dia” a saúde bucal de 33 atletas. Como não havia estrutura de atendimento na CBD (antiga CBF) ele buscou, e conseguiu o apoio da universidade por onde havia se formado: a UFRJ – à época, Universidade do Brasil. Em seguida, pôs em prática seu “planejamento odontológico”, atendendo os jogadores a partir das instalações da universidade, que ainda cederia seus estudantes de Odontologia. No “time” de Mário Trigo, atuavam 15 estudantes que faziam os exames e encaminhavam ao mestre os casos de cirurgia. O saldo desse esforço concentrado, embora tenha livrado a seleção das temidas dores de dente, revelou o verdadeiro estado da saúde bucal dos atletas, ao final, tinham sido extraídos nada menos do que 118 dentes – considerando os 33 jogadores, dava uma média de 3,5 dentes para cada um. “Extrações que poderiam ter sido evitadas, se houvesse tempo para o tratamento”, esclareceu Mário Trigo na época. Muitas outras extrações ele conseguiu evitar nos clubes cariocas em que atuou. Trigo notou que os atletas que apresentavam maior demora na recuperação de lesões eram justamente aqueles portadores de focos dentários. A partir daí, desenvolveu a tese que aplicaria na seleção brasileira com sucesso, a do “foco dentário com repercussão à distância”: segundo a qual, a bactéria do foco dentário, após um tempo, entra na circulação sanguínea, espalhando-se e minando o sistema imunológico. Nesse caso, a única forma de acelerar a recuperação do atleta lesionado é tratando o foco dentário.

- Depois da “era Mário Trigo”, a situação da saúde bucal nos clubes de futebol mudou muito?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO - O cirurgião-dentista, Carlos Sérgio de Araújo, professor de Ortodontia da Unigranrio e coordenador do Convênio Unigranrio-CBF, que desde 1991, atende as seleções brasileiras sub-15, 17 e 20 e a principal, não hesita em reconhecer o legado de Mário Trigo. Mas sua atuação reflete a própria evolução da Odontologia, que além de uma técnica mais apurada, conta agora com um suporte tecnológico que não existia há décadas atrás. Com mais de 500 casos clínicos documentados – dentre estes, Kaká, Robinho, Adriano, Dida, Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo Fenômeno –, ele reúne informações que são uma radiografia do modo como os dirigentes do futebol tratam a saúde bucal. Nos clubes, a justificativa para não se contratar um profissional de Odontologia é que o atleta teria o seu dentista particular. Mas essa não é a regra. A raiz dos problemas dentários dos jogadores está na desinformação e na falta de investimento dos clubes. Carlos Sérgio coleciona histórias que comprovam isso. A exemplo de Mário Trigo, Carlos Sérgio só conseguiu viabilizar uma estrutura de atendimento para a CBF graças ao apoio de uma universidade: dessa vez, da Unigranrio (Duque de Caxias), onde dá aula no curso de pós-graduação de Ortopedia Funcional dos Maxilares. Pelo menos um passo adiante foi dado em relação a seu antecessor: agora, um consultório odontológico completo foi montado na própria Granja Comary, onde é feita a concentração para os torneios internacionais e olimpíadas. Antonio Jorge Netto, dentista da Sociedade Esportiva Palmeiras, que há 20 anos atua no campo da Odontologia do Esporte, é outro pioneiro da área, no Brasil.

- Temos, hoje, exemplos, mais recentes no futebol, que despertam a atenção dos dirigentes dos clubes de futebol para a importância do acompanhamento odontológico apropriado do atleta?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO – Muitos exemplos puderam ser acompanhados pela imprensa, em 2010, como os casos dos atacantes Lionel Messi e Alexandre Pato, que por causa de infecções dentárias deixaram de treinar e jogar em competições importantes. Estes casos reforçam o nosso posicionamento que é importante fomentar a pesquisa no campo da Odontologia do Esporte para beneficiar o esporte de alto rendimento. Veja, por exemplo, onde a pesquisa neste campo está mais avançada, como o atleta é mais beneficiado, como o jogador português Cristiano Ronaldo. O atleta vem fazendo uso de um protetor bucal que o auxilia a colocar a mandíbula no lugar, alinhando sua mordida, ajudando-o a flexionar os músculos corretamente, fazendo com que o crânio, o cérebro e o tórax do atleta fiquem em sintonia perfeita. O mesmo protetor bucal utilizado por Cristiano Ronaldo tem sido utilizado também pelo golfista Tiger Woods e pelo tenista Rafael Nadal, buscando harmonizar seus movimentos em suas modalidades esportivas.

- A presença de um cirurgião-dentista nas equipes médicas de clubes e eventos esportivos pode ser a garantia de uma carreira de sucesso para o atleta?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO - O atleta está inserido na dimensão multifacetada do esporte, que possui diversas vertentes complementares, dentre elas, o campo da medicina, da ciência e da pesquisa. Cada vez mais, procuramos estimular a adoção de técnicas e instrumentos de preservação da saúde de nossos atletas. Por isso, apoiamos o desenvolvimento científico e tecnológico em benefício do esporte competitivo. Traumatismos dentais são episódios comuns em esportes de contato, com ou sem intenção de toques, principalmente em esportes de alto impacto tais como, boxe, judô, karatê, jiu-jitsu, luta greco-romana, sumô, futebol, basquetebol, voleibol, handebol, motocross, hockey in line e patins in line. Todas estas modalidades esportivas exigem o uso de um protetor bucal adequado para assegurar o melhor desempenho do atleta. Os protetores bucais protegem os dentes de fraturas ou avulsões (arrancamentos), previnem lesões nas bochechas, língua e lábios, e auxiliam na correção de todo o sistema estomatognático. Estudos recentes têm mostrado que o protetor bucal também auxilia na melhora da distribuição de forças e no equilíbrio do atleta durante a prática de esportes, podendo desta forma, auxiliar na melhora do seu desempenho. Segundo a Academia Norte-Americana de Odontologia Desportiva, o uso de protetores bucais na prática esportiva reduz em até 80% o risco de perda dentária. Nos Estados Unidos e Europa, usar equipamentos de segurança é regra em inúmeras competições esportivas. No Brasil, o uso de protetores bucais ainda é restrito a praticantes do boxe e a atletas que já sofreram uma lesão grave jogando, como o atacante do Santos, Neymar.

- Mesmo fora dos campos e das competições esportivas oficiais, a prática esportiva com proteção bucal projetasse como uma tendência?

Alexandre Jun Ueda, coordenador do Codec, Centro de Odontologia do Esporte do CETAO - A intensa e impactante revolução tecnológica dos dias de hoje aponta que a atuação da Odontologia do Esporte só tende a crescer, no Brasil e no mundo. A tendência para este campo de atuação é que academias, clubes, federações esportivas e até mesmo escolas passem a solicitar o uso de protetores bucais durante a prática de esportes para fins de competição ou recreativos. Associados de academias, atletas de competição e alunos necessitam de protetores bucais na mesma intensidade. As empresas, escolas e entidades esportivas que compreenderem esta demanda social serão muito bem sucedidas. A prática da atividade esportiva requer, na mesma intensidade, que o atleta/aluno/associado de academia passe por um exame odontológico, tanto quanto por uma avaliação física.

SOBRE O CETAO:

O CETAO é uma Instituição de Ensino Superior, reconhecida pelo Ministério da Educação, que promove cursos de extensão e especialização em Odontologia. Fundada há 12 anos, está presente em 07 países, ministrando cursos para dentistas no Brasil e no exterior. Integra o Grupo S& E- Saúde e Educação.


Autor: MW- Consultoria de Comunicação
Fonte: CETAO

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581