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Mudança de comportamento é principal desafio para diabéticos
 
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02/07/2010

Mudança de comportamento é principal desafio para diabéticos

Especialmente para pessoas que descobrem o diabetes tipo 2, em geral após os 40 anos

Mudar um comportamento adquirido durante anos, como o de comer o que se quer, é mais difícil do que parece. Para pessoas que descobrem o diabetes tipo 2, em geral após os 40 anos, controlar os gramas de carboidratos consumidos a cada refeição, abandonar os pratos gordurosos e doces e reduzir a quantidade de alimento é mais difícil até do que as picadas para medir a glicose ou tomar insulina.

Todo paciente é orientado sobre os riscos do excesso de açúcar no sangue, como a predisposição a infartos, derrames, doença renal crônica, cegueira e amputação de membros (porque muitos diabéticos perdem a sensibilidade de partes do corpo e eventuais feridas abrem caminho para infecções). Mas todas essas informações não bastam para vencer o desejo de ter uma vida como a da maioria, que come um docinho depois da refeição e toma uma cerveja no fim de semana.

O baiano Nilton Freitas, de 66 anos, custou a se conformar com o diagnóstico, recebido há 15 anos ao fazer exames preparatórios para uma cirurgia de diverticulite. “Eu não queria ter a doença, porque vi meu avô e meu pai, diabéticos, morrerem por hiperglicemia”, conta. Apesar de a mulher ajudá-lo no controle, ele diz que é complicado manter o rigor na alimentação. “Faço a dieta direitinho por uma semana, mas fico duas sem fazer”, brinca. Mesmo com as escapadas eventuais, o saldo tem sido positivo: perdeu mais de 20 kg desde que começou o tratamento no Cedeba (Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia), está com a doença sob controle e se sente mais jovem.

“Toda a dificuldade do diabetes está no fato de que ela mexe com o estilo de vida da pessoa”, comenta a endocrinologista Lia Medeiros Carvalho, do Cedeba. E nem sempre gera sintomas acentuados, o que desestimula a mudança de vida – muitos pacientes só descobrem a condição por acaso, ao fazer exames de rotina. É por isso, explica Medeiros, que o tratamento deve ser multidisciplinar, com médicos, nutricionistas e assistentes sociais.

Enquanto o diabetes tipo 2 costuma aparecer na idade adulta, o tipo 1, considerada uma doença autoimune, costuma ser diagnosticada bem mais cedo, na infância ou na adolescência. Se por um lado é duro ter a doença e continuar frequentando festinhas e eventos recheados de refrigerante e fast food, por outro, o fato de receber o diagnóstico cedo faz com que muitos desses jovens adquiram uma disciplina ferrenha mais rápido do que adultos que descobrem a doença.

“Meu filho aprendeu tudo antes de mim”, relata a mãe de Raphael dos Santos, de 16 anos, que teve que mudar todos os hábitos alimentares da família depois de descobrir que o filho tinha diabetes tipo 1, há quatro anos. “Foi um susto enorme”, lembra. O menino começou a emagrecer e sentir sede e, uma semana depois, teve uma crise de hiperglicemia e entrou em pré-coma. Dali em diante, ele passou a assistir às palestras do Cedeba e logo aprendeu a comer “de tudo, mas com moderação”.

Hoje, quando vai ao shopping, o garoto não deixa de pedir sanduíche, como os colegas. Mas escolhe o de frango, que tem menos gordura. Ele também sabe melhor do que a mãe qual a diferença entre produtos light e diet – o primeiro nem sempre é adequado a ele. “Meus amigos olham para mim e dizem ‘poxa, eu devia estar comendo como você’”, orgulha-se.

Para a paulista Isabela de Mello, de 35 anos, que teve o diabetes tipo 1 diagnosticado com apenas um ano de idade e hoje trabalha para a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), o principal desafio não é deixar de comer um ou outro item. ‘’É manter o controle 24 horas por dia, em todos os sentidos”, testemunha. Não só da alimentação, mas também do emocional, já que situações de estresse também podem causar alterações na glicemia.

Profissionais de saúde

Promover mudança de comportamento é um desafio, também, para os profissionais de saúde que lidam com diabéticos. Às vezes é preciso recorrer à criatividade para ensinar o paciente a se alimentar direito e cuidar da saúde. Especialmente quando se trata de crianças ou analfabetos. A necessidade de educar esse público fez com que a enfermeira Maria das Graças Velanes, do Cedeba, criasse uma série de jogos, que ensinam a quantidade de carboidrato de cada alimento, a administrar a medicação e a cuidar dos pés de forma lúdica. A iniciativa teve tanto efeito que o material foi patenteado e passou a ser comercializado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

Programas de educação também são essenciais para médicos e outros profissionais que atuam na atenção básica à saúde, rede de entrada dos pacientes no sistema público. “Em cidades do interior do Brasil, o médico muitas vezes não tem informação para lidar com o jovem que sofre de diabetes”, ressalta a endocrinologista Denise Reis Franco, coordenadora de educação da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).

Assim como o Cedeba orienta centros de atenção básica em toda a Bahia e promove educação à distância, a ADJ também promove um curso de qualificação para profisionais de saúde que já envolveu 800 profissionais de nove cidades brasileiras.


Autor: Tatiana Pronin
Fonte: Site Uol

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