A obesidade é uma doença crônica, de abordagem multiprofissional, que ocorre em todas as faixas etárias, aumentando sua incidência especialmente nas crianças, nessa última década. Não há como controlar essa "epidemia" se não forem tomados os cuidados alimentares adequados, orientados nas consultas de rotina com pediatras ou nutricionistas.
O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, mantido até os dois anos de idade, bem como a introdução gradual e equilibrada dos alimentos tem extrema importância no desenvolvimento pôndero-estatural saudável das crianças.
Outros fatores podem interferir no índice de sobrepeso e obesidade infantil, desde a genética (filhos de pais obesos têm maior propensão e risco de obesidade além dos hábitos alimentares familiares inadequados), até o sono insatisfatório. Uma criança que dorme bem costuma ser fisicamente ativa e, indo dormir mais cedo evita o risco de ingestão de alimentos no período noturno (normalmente alimentação inadequada). Esses dois fatores ligados ao sono podem ser decisivos para a saúde da criança, por isso, os pais devem ficar atentos à qualidade de sono das crianças.
Alguns trabalhos apontam para a influência da TV no aparecimento do sobrepeso nas mais variadas faixas etárias. Nesse caso, não seria apenas o tempo exagerado na frente da TV, mas todos os que estimulam o sedentarismo, como computadores (muito tempo em redes sociais, jogando games ou abrindo o email) e videogames, que hoje são a atividade mais praticada pela maioria das crianças.
Um estudo publicado noBritish Medical Journal, realizado na Escócia, com mais de oito mil crianças, alertou para o abuso do tempo de TV (mais de oito horas semanais) como um dos oito fatores de risco identificados por especialistas britânicos entre crianças de três anos que se tornaram obesas aos sete, não apenas pelo sedentarismo como pela propaganda direcionada.
A TV, o computador e os videogames no quarto, cada vez mais presentes no dia-a-dia interferem principalmente na faixa dos adolescentes. Um estudo realizado na Universidade de Haya com 440 crianças na faixa dos 14 anos atribui a dificuldade no adormecimento, refeições na frente da TV (50% dos casos) com alguns transtornos alimentares, entre outras doenças a esse hábito.
O impacto do sedentarismo tecnológico pode estar relacionado à obesidade por favorecer o pouquíssimo esforço físico, gerar oportunidades de alimentação fora do horário habitual (lanchinhos, pipocas, docinhos enquanto assiste a um filme, por exemplo), frequência de publicidade alimentar anunciada nos intervalos de programas para crianças e adolescentes (normalmente hipercalórica e nutricionalmente inadequada).
Comer sem prestar atenção no que e em qual é o alimento pode levar a transtornos e desequilíbrios na alimentação e na saciedade, com excesso na quantidade de calorias ingeridas.
Assim, é importante que a família assuma o controle das atividades de crianças e adolescentes, limitando o uso desses equipamentos (uma hora por dia). Além disso, uma "disciplina alimentar" que privilegie uma dieta equilibrada para cada faixa etária, realizada em ambientes adequados, junto à família, sem a presença da TV pode ser uma grande aliada no caminho tão difícil da saúde.
Moises Chencinski é homeopata.