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Games podem se tornar ferramenta de autoconhecimento
 
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22/01/2011

Games podem se tornar ferramenta de autoconhecimento

Algumas das palestras de maior sucesso na Campus Party deste ano foram as que trataram da psicologia dos games

Algumas das palestras de maior sucesso na Campus Party deste ano foram as que trataram da psicologia dos games. O responsável por elas foi o desenvolvedor de jogos Edgard Damiani. Autodidata, Edgard começou a atuar na área em 1998, aos 18 anos. Mas não curtiu muito essa história de fazer jogos para ganhar dinheiro: queria fazer isso por uma coisa de realização pessoal, mesmo. O seu ganha-pão é o trabalho como técnico em informática no Ministério Público Federal. Nas horas vagas, trabalha em projetos pessoais e estuda os games aliado a um tema pelo qual caiu de amores há 10 anos: a psicologia.

Edgar acredita que a preferência das pessoas por certos tipos de jogos podem revelar fatos sobre o jogador e, mais do que isso, sobre a sociedade como um todo. A enxurrada de jogos com temas apocalípticos, por exemplo, pode indicar uma percepção coletiva de mudanças na sociedade. “Todas as sociedades têm um apogeu e um declínio. Estamos vivendo num período de declínio da sociedade como a conhecemos e o gosto por esses jogos simboliza que as pessoas estão com esse sentimento de decadência, inconscientemente”, explica.

A dinâmica dos games que escolhemos também pode ser importante nesse processo de autoconhecimento. “Quem prefere jogos de estratégia geralmente é mais analítico. Jogos de ação em tempo real atraem perfis mais ativos”, diz. Rola até um processo de auto-afirmação nos games, impulsionado por questões da vida real. Edgard deu um exemplo fácil de visualizar: imagine um garoto “extremamente intelectual e socialmente deslocado” que sofra perseguições na escola e tenha que lidar com a indiferença das garotas. Ele pode encontrar em jogos complexos, que exijam um raciocínio lógico acima da capacidade de pessoas comuns, um meio de enxergar suas habilidades e seu valor.

É claro que, como o próprio Edgard alerta, não se pode fazer generalizações: cada caso é um caso. O que ele quer é fazer as pessoas perceberem que o mundo dos games é mais complexo do que se imagina.


Autor: Ana Carolina Prado
Fonte: Super Interessante

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