As pesquisas com células-tronco embrionárias estão perdendo força nos Estados Unidos pela pressa dos cientistas em transformar suas descobertas em patentes.
Segundo especialistas, os cientistas estão mais ocupados com a criação de patentes legais que lhes darão direitos exclusivos de propriedade intelectual para cada descoberta, com a esperança de poderem levar a uma cura de sucesso e muito dinheiro para aqueles que o planejaram.
Esse processo significa que os cientistas dos EUA muitas vezes encontram barreiras para suas pesquisas, já que instituições, geralmente universidade e empresas privadas, garantiram direitos exclusivos. Essa é a opinião de Bob Lanza, cientista-chefe da ACT (Advanced Cell Tecnology), que pesquisa o uso de células-tronco embrionárias humanas no tratamento de algumas formas de cegueira.
- Temos esse campo completamente minado lá fora e sabe quem são as vítimas? Os pacientes.
Lanza recorda quando foi impedido de seguir com uma pesquisa de uso de células-tronco para reverter o diabetes, processo no qual ele já trabalhava com animais há anos.
- Quando tentei fazê-lo com células-tronco embrionárias, não pude porque os direitos de utilização para o diabetes tinham sido licenciados exclusivamente à Geron. Não pude usar a minha vida inteira de experiência para tentar desenvolver essa tecnologia.
A farmacêutica Geron se tornou, no ano passado, a primeira empresa a fazer ensaios clínicos de células-tronco embrionárias em seres humanos, começando com um paciente que teve lesões na medula espinhal.
Lanza disse que sua empresa gastou cerca de US$ 100 milhões em sua pesquisa, e teve que jogar o jogo de garantir a propriedade intelectual, para poder competir.
- Para ganharmos dinheiro, temos de arquivar patentes para proteger nossos direitos. Por outro lado, ficamos proibidos até mesmo de perseguir nossa própria tecnologia.
O surgimento de empresas privadas na cabeça do campo é incomum, quando descobertas médicas são normalmente financiado pelos Institutos Nacionais da Saúde, que despeja mais de 30 bilhões de dólares por ano para os cofres dos cientistas.
Em março de 2009, o presidente Barack Obama suspendeu as restrições que seu antecessor George W. Bush havia imposto sobre a investigação com células-tronco embrionárias, liberando centenas de milhões de dólares, mas até agora nenhum governo financiou projetos que atingiram a fase de ensaio clínico.