O uso da robótica em cirurgias de câncer de próstata e de rim, algo já muito difundido nos Estados Unidos, chegou ao Brasil em 2008 e, desde então, já apresentou resultados positivos. Segundo o Dr. Cássio Andreoni, professor livre-docente da Escola paulista de Medicina e Chefe do Grupo de Urologia Experimental da UNIFESP, a robótica garante uma série de benefícios que as outras técnicas existentes não conseguem proporcionar.
“Entre as vantagens da robótica estão o menor risco de erro ou de trauma de estruturas, a maior mobilidade para o médico durante a intervenção, a maior assertividade em movimentos delicados e pequenos, a maior visibilidade do médico da cavidade interna do organismo do paciente e, pelo fato de ser menos invasiva, promove menos sangramento, menos dor, menos tempo de pós-operatório e menor necessidade de transfusão de sangue”, afirma Andreoni.
Em uma sala de controle, separada do centro cirúrgico, o médico opera o robô pelo sistema. “É possível ter total domínio dos braços mecânicos do robô. Com isso, a capacidade de precisão de cortes e afins é muito maior do que a encontrada em cirurgias feitas por meio da laparoscopia. Com a robótica, a probabilidade de êxito, ou seja, realizar a cirurgia sem gerar traumas ao paciente, é de quase 100%”, completa Andreoni.
O ROBÔ: DA VINCI
O nome do robô utilizado pelo Dr. Cássio se chama Da Vinci. Igual a ele, existem outros 600 no mundo. No Brasil, são apenas três. Entre os principais benefícios estão cortes menores, recuperação rápida, diminuição das dores e complicações pós-cirúrgicas. Para o cirurgião, as vantagens são sentidas na prática: o sistema robótico tem mecanismos que corrigem o tremor natural das mãos, articulações que proporcionam maior amplitude de movimentos e melhor ergonomia durante o procedimento.
Com isso, o médico visualiza em detalhes locais que não chegaria durante um procedimento tradicional ou mesmo laparoscópico. O robô ainda tem extrema habilidade para movimentos delicados como as suturas ou anastomose – que consiste na união de vasos sanguíneos ou partes de órgãos, além de não haver problemas de fadiga ou movimentos involuntários. A cirurgia é realizada com braços robóticos, enquanto o cirurgião permanece sentado na cabine de comando, que é capaz de proporcionar visão tridimensional da área que será operada.
Os braços robóticos funcionam como extensões dos braços do próprio cirurgião, só que com movimentos altamente precisos. A área operada pode ser ampliada na tela, que também permite ajustes de luminosidade e contraste, contribuindo para identificar, de forma ainda mais precisa as diferentes camadas de tecido.
SOBRE O DOUTOR CÁSSIO ANDREONI
Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em 1993, o doutor é especializado em urologia. Atualmente, é professor livre-docente da Escola paulista de Medicina e Chefe do Grupo de Urologia Experimental da UNIFESP, tendo vasta experiência em intervenções cirúrgicas no Centro de Câncer de Próstata da Washington University. Reconhecido pelo seu pioneirismo em novas metodologias e pela dedicação à medicina, hoje ele é um dos poucos profissionais do mundo capacitados a realizar cirurgias robóticas, sendo responsável pela realização de mais de 1.000 cirurgias laparoscópicas bem sucedidas em 15 anos de carreira.
