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Saúde da mulher
 
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20/07/2010

Saúde da mulher

Entrevista com Dr. Álvaro Antonio Borba, Médico Radiologista

Atendendo às solicitações de muitas leitoras que possuem dúvidas a respeito da prevenção do câncer de mama, a equipe do Portal SIS.Saúde realizou uma entrevista exclusiva com o Dr. Álvaro Antonio Borba, Médico Radiologista responsável pelo Serviço de Imagem da Mama da Clinoson.

Dr. Álvaro, atualmente, qual a incidência de câncer de mama no Brasil?

O câncer de mama é o segundo câncer em incidência nas mulheres. Estima-se que 50 mil novos casos da doença devem surgir no Brasil este ano e que possa ocorrer em torno de 11 mil casos de óbito. Esses dados reforçam a importância das campanhas de conscientização. O que também faz com que os médicos se especializem mais na área, sobretudo da área diagnóstica.

Os cuidados em relação a esse tipo de câncer são considerados como muito importantes devido ao aumento da incidência nas ultimas décadas, incidindo inclusive em mulheres mais jovens. O que faz com que os exames preventivos se tornem mais rotineiros e que as mulheres procurem mais por esses tipos de exames. A medicina também tem realizado mais pesquisas a respeito, existindo um crescente número de estudos sobre o tema.

Qual a idade mais recomendável para se iniciar os exames de diagnóstico para o câncer de mama?

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o exame de mamografia anualmente a partir dos 40 anos. Contudo, devido ao aumento da incidência em mulheres mais jóvens, percebe-se uma tendência da realização desses exames mesmo antes dessa idade, em torno dos 35 anos.

Do mesmo modo, mulheres com maior risco do desenvolvimento do câncer de mama, como as que apresentam história familiar, há a recomendação de se começar a realizar esses exames antes dos 40 anos de idade, em idade inferior em que ocorreram esses casos.

Quais os exames são mais recomendados para o diagnóstico do câncer de mama?

Quando comentamos sobre rastreamento mamário, nos referimos à mamografia. É o único exame que, comprovadamente, reduz o numero de mortes por câncer de mama.

Antigamente, a mamografia era realizada quando já se palpava algo na mama, com fins diagnósticos. Atualmente, esse quadro mudou. Os exames para o rastreamento do câncer de mama são realizados de maneira rotineira, na tentativa de descobrir o câncer mais inicial possível, propiciando abordagens mais eficientes de tratamento.

A ecografia e a ressonância magnética são exames complementares. No caso de mulheres mais jovens, que ainda possuem uma quantidade considerável de glândulas mamárias ou mesmo uma mama densa, a mamografia apresenta certa dificuldade em mostrar completamente os tecidos mamários. É nesse contexto que a ecografia mamária se torna importante como exame complementar.

Já a ressonância magnética é realizada em casos especiais, quando mesmo após a realização da mamografia e ecografia mamárias, permanecem alguma dúvida. Assim, esse exame não é utilizado preventivamente.

E no caso dos implantes (próteses) de silicone?

Os implantes estão sendo usados com maior frequência e cada vez mais em mulheres jovens. Quando uma mulher vai colocar um implante de silicone é importante que ela tenha em mente que os tecidos mamários continuam contíguos às próteses, o que reforça a necessidade de cuidados.

Uma boa investigação mamária deve ser realizada antes de submeter-se à cirurgia, o que evita o risco da colocação de uma prótese onde exista um tumor. Após a colocação da prótese de silicone, os cuidados com a mama devem continuar, por meio de mamografia e da ecografia complementar.

Sempre que eu atendo uma paciente que vem realizar exames pré-operatórios para colocação de implantes mamários, eu a questiono sobre o local de colocação desse implante, se a colocação será anterior ou posterior ao músculo peitoral. O tipo de técnica utilizada pode fazer diferença, pois a colocação de um volume maior de prótese de silicone anterior ao músculo pode dificultar a avaliação dos tecidos mamários. Por isso, eu sempre oriento às pacientes que questionem o seu cirurgião plástico sobre a possibilidade de colocar a prótese por trás do músculo peitoral. Apenas o cirurgião plástico terá condições de avaliar a melhor técnica para cada paciente, considerando-se o volume da prótese, o tipo de mama, os músculos envolvidos, etc.

E os casos de mulheres que retiram parte ou toda a mama (mastectomia) com colocação de próteses mamárias?

São pacientes que fazem exames de rotina e descobrem um tumor inicial, não havendo a necessidade da retirada de grande parte da mama, e sim uma pequena parte. Resseca-se apenas a parte com o tumor e pode-se colocar uma prótese de silicone para compensar a parte que foi retirada. Muitas vezes, as pacientes optam em reparar a outra mama, pois, a “mama nova” pode ficar até mais bonita que anterior. Hoje em dia, com novos formatos e melhor qualidade das próteses de silicone, as pacientes estão sendo beneficiadas. Muitas mulheres fazem concomitantemente a cirurgia de mastectomia com o inclusão do implante de silicone. Outra opção é a reconstrução mamária com a musculatura abdominal.

Realizar uma mastectomia não significa que será retirada a parte externa da mama. Na maioria dos casos, a aréola, o mamilo e a pele da mama são preservados, possibilitando a reconstrução com prótese de silicone ou musculatura abdominal, com resultados cosméticos muito bons.

Nos casos de suspeita de ruptura da cápsula do silicone, a mamografia e a ecografia são exames capazes de realizar esse diagnóstico, indicando a presença de ruptura da cápsula e o extravasamento do silicone. Contudo, o exame que apresenta a maior capacidade de mostrar tal rompimento é a ressonância magnética.

Referente ao laudo que segue para o médico solicitante dos exames, como as pacientes podem ter segurança que os dados dos exames serão devidamente interpretados?

Existe uma classificação internacional, criada pelo Colégio Americano de Radiologia, que é uma forma de sistematizar os laudos mundialmente, tanto da mamografia e ecografia como da ressonância magnética. Esse sistema de laudar é denominado de BI-RADS. Esses critérios permitem que o laudo seja objetivo e a interpretação pelo médico que recebe o exame, facilitada. Então, a partir do exame, o médico decidirá a melhor conduta a ser tomada.

No momento em que é realizada uma mamografia ou ecografia e há uma suspeita de ruptura da cápsula de silicone, por exemplo, no próprio laudo do exame estará a indicação de ressonância magnética.

Há uma grande necessidade de atualização por parte do médico radiologista?

A área de diagnóstico por imagem é muito ampla. Está cada vez mais difícil o médico atuar em todas as áreas, pois cada método de imagem exige muita dedicação para manter-se atualizado. Apenas a área de imagem da mama, por exemplo, envolve mamografia, ecografia, ressonância magnética, procedimentos invasivos (punções, biópsias, marcação pré-operatória, etc.).

A nossa equipe de médicos da Clinoson, que atua com o diagnóstico mamário, realiza discussões quinzenais de atualização, trazendo sempre informações atuais. Sempre que vamos a congressos, por exemplo, discutimos o que foi apresentado dos achados das pesquisas na área. Dessa maneira, nos mantemos sempre atualizados e conhecemos o que está sendo considerado como uma inovação.

Dr. Álvaro, quais dicas que pode ser oferecidas aos nossos leitores?

A prevenção é o mais importante. A grande diferença em um tumor de mama é o estágio no qual é descoberto. Quanto mais precoce é a descoberta, maior é a chance de cura total. Então, é recomendável que, desde a adolescência, as mulheres saibam conhecer e examinar sua mama. Também, consultas anuais com o ginecologista são recomendadas.

Por parte do médico, uma abordagem global à saúde do paciente é muito importante. Por exemplo, ao examinar a mama de uma paciente identificamos um sinal de pele com características suspeitas, devemos, então, recomendar a consulta com um dermatologista, estaremos fazendo a prevenção de um câncer de pele. Não devemos ficar restritos apenas à nossa área. Enfim, deve-se cuidar da saúde como um todo.

Dr. Álvaro Antonio Borba

Médico Radiologista

Responsável pelo Serviço de Imagem da Mama da Clinoson

www.clinoson.com.br

 


Autor: Redação
Fonte: SIS.Saúde

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