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Investimento em energias limpas bate recorde em 2010
O Brasil ocupa o sexto lugar na lista de países que mais investem em energias limpas, segundo informa o relatório Who’s Winning the Clean Energy Race? (Quem está vencendo a corrida pela energia limpa?, em tradução livre), publicado pela organização não governamental norte-americana Pew Charitable Trusts.
Com investimento U$ 7,6 bilhões, o Brasil avançou uma posição em relação a 2009. Segundo o estudo, do total investido, 40% foram destinados aos biocombustíveis, 31% para a energia eólica e 28% para outras fontes.
O relatório mostra que os investimentos em energias limpas no mundo cresceram 30% no ano passado e alcançaram cifras de US$ 243 bilhões, um recorde histórico.
Depois de um período de forte abalo em virtude da crise financeira em 2009, os países voltaram a direcionar mais recursos no desenvolvimento de energias verdes. No ranking dos países que mais receberam recursos, o destaque vai para a China que direcionou US$ 54,4 bilhões, o correspondente a um quinto de todos os recursos encaminhados para as fontes renováveis.B
Brasil
Na avaliação do professor de planejamento energético Roberto Schaeffer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os números variam conforme são feitos os cálculos, pois “não está claro se o estudo inclui a energia gerada a partir de hidrelétricas como limpas”.
Cerca de 90% da energia no país provém de hidrelétricas, segundo Schaeffer, e, ainda assim, não representa mais do que um terço do potencial energético dos rios.
“Depende com se faz a conta, se incluir a hidreletricidade, de fato, o Brasil deve investir cerca de US$ 5 bilhões por ano”.
O Brasil também ocupa a sexta posição na previsão de crescimento para os próximos cinco anos. Entre as energias limpas, a produção de etanol se destaca com a previsão de produção de 36 bilhões de litros, a geração elétrica com biomassa de 8.000MW, e as pequenas centrais hidroelétricas com 5.000 MW.
As principais metas indicadas pelo estudo são a geração de 1.805 MW através de fontes eólicas até 2012 e o aumento do uso de biodiesel. No quesito biocombustíveis, Schaeffer afirma que existem hoje muitas destilarias de álcool sendo construídas, por isso tem sido foco de mais investimentos.
Energia eólica
Em relação à energia eólica, o setor não recebeu mais do que 2 bilhões de dólares de investimentos em 2010, garante Schaeffer. “É pouco se comparado à China, Estados Unidos ou Alemanha. O Brasil mal está começando a desenvolver a energia eólica. Mas de uma base pequena, já está crescendo”, considerou o especialista o referir que, atualmente, o país já tem instalados mil Megawatts e estão em construção outros três mil Megawatts.
“É o país que relativamente investe bem mais em energia eólica. O potencial eólico é enorme na nossa costa, especialmente no Nordeste brasileiro que é muito favorável. Pela primeira vez em 2010, a energia eólica deixou de ser cara no Brasil. Ela já é comercial ou está muito próxima de ser”.
A eólica é ainda mais competitiva até mesmo em relação à energia nuclear, a termelétrica a carvão ou a gás, argumentou Schaeffer. “O futuro da eólica no Brasil é brilhante”, destacou.
Países do G20 são os que mais investem
Segundo o documento da ONG norte-americana, 90% de todos os investimentos em energia limpa foram para países do G20. A União Europeia, se considerada como um único destino, ocupa o primeiro lugar com US$ 94 bilhões. A Alemanha e a Itália aparecem como os grandes destaques na Europa, com recursos da ordem de US$ 41,2 bilhões e US$ 13,9 bilhões, respectivamente.
Mas ainda entre os europeus, o Reino Unido apresentou uma expressiva queda saindo de terceiro lugar no ranking em 2009 para 13º no ano passado, tendo direcionado US$ 3,3 bilhões. Uma das razões apontadas pelo relatório é que os projetos eólicos offshore em 2009 teriam valorizado e superestimado a posição britânica.
A União Europeia, tida como um único destino, aparece numa posição da vanguarda e liderança no que se refere às energias renováveis e pode perder a dianteira apenas para a China, que tem apresentado um crescimento acelerado neste quesito. A Ásia poderá assumir em poucos anos o papel de maior receptor de investimentos.
Contudo, é preciso analisar os números da China com cautela, atentou Roberto Schaeffer. “É preciso ver que a China investe em carvão muito mais que U$ 100 ou U$ 200 bilhões. Sem tirar o mérito, os números na China são sempre muito grandes e podem ser enganosos”, afirmou.
Ainda segundo o estudo, os Estados Unidos caíram uma posição em relação ao ano anterior e ficaram em terceiro lugar, atrás da Alemanha, com cerca de US$ 34 bilhões. Esta queda pode ser entendida pela não aprovação da lei energética pelo Congresso em 2010, o que pode ter desestimulado os investidores. O crescimento alemão e chinês, aponta o relatório, provém de políticas públicas e de incentivo, o que não ocorreu no caso norte-americano.
Autor: Fabíola Ortiz
Fonte: UOL - Ciência e Saúde
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