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Na busca pela boa aparência, por vezes, a saúde fica em segundo plano

Quem diz que passa por um espelho e não dá pelo menos uma arrumadinha no cabelo ou é mentiroso ou careca. Freud explica: "Algum nível de narcisismo constitui uma parte de todos desde o nascimento". Paradinha para creme no cabelo, um perfume, um hidratante corporal, um esmalte, uma maquiagem, um bom desodorante. Na busca pela boa aparência, por vezes, a saúde fica em segundo plano. Resultado: efeitos indesejados por causa do mau uso de cosméticos.

A atual legislação traz uma lista restritiva contendo a concentração máxima das substâncias usadas na fabricação dos produtos e as advertências obrigatórias nos rótulos, além das listas positiva e negativa com mais de 400 substâncias que não podem ser utilizadas em cosméticos. Tem também requisitos específicos para produtos infantis.

A gerente-geral de cosméticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Josineire Sallum, lembra que os produtos não registrados podem causar reações, que vão desde uma simples intolerância até alergias mais graves.

— Nesse caso, o consumidor não deve utilizar o produto e deve acionar o órgão de Vigilância Sanitária de sua cidade — orienta.

Outra advertência da especialista: produtos que prometem qualquer tipo de milagre devem ser evitados. Mas se a sua vaidade não está em sintonia com os cuidados necessários para uma beleza sadia, a revista MIX indica como comprar produtos seguros, onde armazenar e quando descartar os cosméticos para evitar problemas.

Não compartilhe maquiagem

Sua amiga comprou aquele batom que deixa os lábios inchados, lembrando os da Angelina Jolie. Alegria. Você pensa: "É a chance de ficar com uma boca sexy sem ficar com um tostãozinho a menos na carteira." Quem sabe você não encontra também um Brad Pitt durante a festa? Ora, por que não sonhar? Mas tempos depois você pode perceber que o conto de fadas foi ainda pior do que virar abóbora: você ganhou uma herpes.

Isso não é fantasia. Uma pesquisa britânica feita pelo College of Optometrists revelou que dividir cosméticos é um hábito bastante comum, mas não menos perigoso. Um quarto das mulheres ouvidas, quase todas com menos de 24 anos, confessaram que fazem isso, mesmo que uma em cada 10 admita sofrer com frequência de doenças como conjuntivites — no caso de compartilhamento de maquiagem para os olhos.

Além do risco de transmissão de doenças oculares pelo compartilhamento de delineadores, rímeis e lápis de olhos, doenças como herpes podem (sim!) passar de uma boca para a outra quando se divide o mesmo batom.

O College of Optometrists ressalta que outro costume prejudicial é se maquiar em movimento: dentro do carro, caminhando, andando de ônibus, por exemplo. É claro que você também já tentou dar aquele retoque na maquiagem pelo espelho do quebra-sol sem ao menos pensar que isso é perigoso. Arranhar o olho com rímel é o trauma mais comum decorrente de maquiagem e pode causar infecções oculares, alertam os pesquisadores. A dermatologista Valéria Gomes Lisboa reforça que o mau uso dos cosméticos pode causar manchas, irritações, alergias, infecção e feridas:

— A qualidade é essencial. Hoje, já existem produtos nacionais, com boa qualidade, disponíveis no mercado. A pessoa deve sempre ficar atenta ao conteúdo e composição para adquirir cosméticos compatíveis com seu tipo de pele.

Antes de tudo, diz Valéria, a pessoa deve conferir a indicação do produto no rótulo.

— Alguns são específicos para certos tipo de pele. Pessoas com pele seca, por exemplo, devem optar por sabonetes hidratantes que contenham glicerina, bases que contenham óleo, ruge em forma de creme ou pasta e evitar adstringentes e esfoliantes — exemplifica.

A limpeza da pele também é essencial. Os cosméticos, quando usados por muito tempo, podem formar uma "capa" na pele, impedindo-a de "respirar", podendo desenvolver acne, manchas e envelhecimento precoce.

E se você pensou em qual a saída para fazer uma maquiagem com um profissional, o oftalmologista Carlo Gustavo de Castro Wille responde que, nesses casos, o ideal é que os produtos sejam da própria pessoa e que apenas o trabalho seja realizado pelo profissional. Outra opção é escolher produtos novos ou descartáveis, sem encostar os materiais já utilizados (como pincéis) novamente no produto após o contato com outra pessoa.

Cuide a data de validade

Quase dois terços das mulheres britânicas com mais de 16 anos disseram usar a mesma maquiagem para os olhos por mais de dois anos seguidos. Uma em cada quatro chegava a usar cada produto por mais de quatro anos. As mulheres entre 30 e 40 anos foram as mais descuidadas: uma em cada cinco usava os mesmos produtos há mais de cinco anos.

Os números do estudo também realizado pelo College of Optometrists, baseado em entrevistas com 2.432 britânicas, apenas mostrou em números o que muita gente já sabia. Está na hora de levar a data de validade a sério! Um levantamento feito recentemente no Instituto Penido Burnier, centro especializado em oftalmologia de Campinas (SP), mostrou que cerca de 15% das pacientes chegam ao consultório com queixas de vermelhidão, coceira ou sensação de areia nos olhos. Quase sempre os sintomas estavam relacionados com a má utilização de maquiagem ou cosméticos.

— Usar maquiagem vencida aumenta o índice de contaminação — alerta o oftalmologista Carlo Gustavo de Castro Wille.

Ele lembra que o contato com produtos, como o "pretinho" do rímel, geram mudanças no pH da lágrima.

— As mudanças são passageiras, mas se isso ocorre com frequência, há risco de infecções.

Para as usuárias de lente de contato o cuidado é dobrado, já que a lente facilita o depósito de substâncias em contato com os olhos. A dermatologista Valéria Gomes Lisboa alerta que maquiagens velhas são propícias para a proliferação de bactérias. O resultado são cosméticos embolorados, com cheiro ruim e sem a característica original do produto.

— O ideal é guardar em um lugar arejado. O banheiro nem sempre é ideal devido ao calor excessivo e a umidade que preparam o lugar para as bactérias.

Uso proporciona bem-estar

Nada como maquiar-se, passar um creme, estruturar o cabelo, perfumar-se e dar um "up" na aparência. Quem se cuida e dedica parte do tempo a manter uma boa imagem para si e para os outros tem uma vida mais equilibrada e tranquila, conforme atesta uma pesquisa feita pela Natura.

O estudo, realizado em voluntárias brasileiras e francesas, concluiu que o uso de um cosmético pode melhorar o humor, ampliar a sensação de paz, reduzir o nível de estresse e trazer tranquilidade e relaxamento. A pesquisa fez uma avaliação subjetiva de humor com medições objetivas do cortisol, por exemplo, um dos principais indicadores de estresse, que foi coletado da saliva, além da temperatura da pele, aferida por meio de câmara infravermelha. Também analisou a frequência e velocidade da fala, cuja alteração sinaliza quadro de estresse.


Autor: Redação
Fonte: Zero Hora

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