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​​​​Problema pode acometer desde recém-nascidos a idosos

O médico Rodrigo Ferreira Garcia, cirurgião geral e do aparelho digestivo do Hospital VITA, em Curitiba, explica que a hérnia inguinal é a protrusão ou saliência de um ou mais órgãos, ou parte destes, para além dos limites normais da cavidade abdominal, por meio do canal inguinal, localizado na virilha, ou a região de junção entre a coxa e a parte inferior do abdômen. 

A origem da hérnia inguinal pode ser definida como multifatorial. Os aspectos anatômicos específicos de cada paciente, fatores de ordem genética, tabagismo, praticantes de atividade física extenuante, trabalho braçal forçado, obesidade, sedentarismo e aumento da pressão intra-abdominal – causada por problemas da próstata, pulmão, coração ou fígado também estão associados a ocorrência da doença. 

A região inguinal é o local mais comum de ocorrência de uma herniação abdominal. E, mais de 2/3 das hérnias inguinais surgem do lado direito. O problema pode ocorrer em qualquer idade, desde recém-nascidos até idosos, sendo mais frequente nos extremos da vida quando comparados a adolescentes ou em adultos jovens. Atinge pessoas acima dos 60 anos de idade com mais frequência, sendo mais presente nos homens, em torno de 80%.

Segundo Dr. Rodrigo, é a mais comum entre as hérnias da parede abdominal. E, estimativas do Ministério da Saúde indicam que entre 3% e 8% dos brasileiros apresentam algum tipo de hérnia na região do abdômen e cerca 75% destes casos, correspondem a hérnia inguinal. 

Diagnóstico

Na maioria dos casos, as hérnias da região inguinal são diagnosticadas pelo médico em avaliações clínicas e toque na região. Quando necessário, são solicitados exames de imagem complementares.

Sintomas

Nem sempre as hérnias apresentam sintomas. Além disso, podem ser visíveis o tempo todo ou somente quando o paciente faz algum tipo de esforço que aumente a pressão intra-abdominal, como tossir, ao fazer força para evacuar ou pegar algum peso. “Dor local ou sensação de desconforto são comuns, principalmente após algum esforço. Na maioria dos casos, a hérnia é mais fácil de ser visualizada quando o paciente encontra-se em pé”, complementa o médico conta o médico. 

Segundo ele, quando o paciente se deita algumas hérnias retornam espontaneamente à região abdominal, fazendo com que a protuberância desapareça. Em outros casos, a hérnia precisa ser empurrada com o dedo para dentro, uma manobra chamada de redução da hérnia. “Há os casos em que a hérnia não é redutível, ou seja, mesmo quando se tenta empurrá-la para dentro do abdome, ela não se move”, esclarece. 

As hérnias não redutíveis são chamadas de encarceradas. São as que têm o maior risco de sofrer estrangulamento. Esta é uma complicação que ocorre quando os tecidos ao redor comprimem os elementos anatômicos herniados (por exemplo segmento do intestino), provocando redução do aporte de sanguíneo para esta região, situação que pode levar à necrose do tecido envolvido. 

Já a conjunção de dois fatores – grande volume do órgão deslocado (aumentando o conteúdo no saco herniário) e anel herniário estreito (que dificulta o vai-e-vem do órgão) são os casos mais delicados. Esta situação pode provocar o "estrangulamento" do conteúdo herniado. Isto implica na torção das alças intestinais envolvidas no processo herniário. 

De acordo com Dr. Rodrigo, esta torção pode ocasionar obstrução intestinal e desencadear cólicas abdominais intensas e dificuldade para eliminar gases e fezes. “O quadro de hérnia estrangulada é considerado grave e exige cirurgia em caráter de urgência, pois a compressão dos vasos sanguíneos promove a necrose da alça intestinal e levar à ruptura”, adverte. 

Prevenção

Não é possível evitar que a hérnia se desenvolva. Sendo assim, o melhor a fazer é procurar tratamento ao primeiro sinal de alterações na região inguinal e sentir que existe algum abaulamento na região inguinal. 

“A medicina conta com próteses que tentam evitar a progressão da hérnia. São cintas elásticas e fundas que mantêm forte pressão sobre o ponto em que há ruptura do tecido muscular, porém, essas próteses interferem na qualidade de vida dos portadores de hérnia”, explica o médico. 

Tratamento

O tratamento padrão é cirúrgico e quanto mais cedo for realizado, melhor. Já nos casos de hérnias aprisionadas (estranguladas) a cirurgia é realizada em caráter de urgência. A maioria dos pacientes fica internado no hospital por 24 horas. 

Quanto à recuperação, o cirurgião conta que geralmente é rápida e a maioria dos pacientes volta às tarefas diárias em poucos dias. “Depende da atividade realizada por cada paciente. Em média, 15 dias são suficientes para retorno às funções cotidianas. O ideal é que o paciente evite ficar muito tempo deitado ou sentado e procure andar várias vezes ao dia”, explica. Segundo o especialista, não é necessário fazer dieta, a pessoa pode ingerir qualquer tipo de alimento sólido e líquido. 

“Qualquer outro recurso para o tratamento da hérnia que não seja a cirurgia será apenas para atenuar os sintomas”, finaliza.


Autor: Cristina Sório
Fonte: CS

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