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Durante dois dias, Hospital Moinhos de Vento reuniu especialistas em Hemato-Oncologia para discutir novidades na área

Novas técnicas de combate ao câncer e as mais recentes pesquisas em imunoterapia foram discutidas entre sexta-feira e sábado, no Hospital Moinhos de Vento. A 1ª Jornada Integrada de Hemato-Oncologia do Rio Grande do Sul, voltada para o corpo clínico, hematologistas e profissionais multidisciplinares da área de saúde, abordou diferentes aspectos de tratamento e, também, de assistência e suporte ao paciente. Entre os destaques, a videoconferência com o hematologista Henrique Bittencourt, que, do Canadá, explicou como está sendo desenvolvida a nova forma de imunoterapia Car T-Cell. 

Há poucos anos, a imunoterapia não estava entre os tópicos de nenhum congresso, explicou o coordenador da Jornada, o médico Sérgio Roithmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. “Há cinco anos, um melanoma metastático era incurável. E o câncer era tratado apenas dentro dos três pilares: cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. A imunoterapia está avançando cada vez mais”, observa Roithmann, ao lembrar que, se naquela época, as drogas eram eficientes em 10% dos casos, sendo que hoje ultrapassam os 70% nesta doença. Roithmann abordou os avanços da técnica, desde o uso dos germes da erisipela, em 1908, até o uso de interferon e, atualmente, das células T e as novas drogas inibidoras de PD1 e PD-L1.

 Do Canadá, o médico Henrique Bittencourt, da Universidade de Montreal, explicou como a Terapia Car T-Cell está tendo sucesso, principalmente em crianças com leucemia. A técnica modifica ‘in vitro’ os linfócitos, infecta com um gen novo e devolve para o organismo, fazendo com que ele produza anticorpos contra o tumor. “Hoje, já trabalhamos com 90% de cura da leucemia pediátrica, com pouco mais de 1% de pacientes refratários ao tratamento”, observou Bittencourt. Atualmente, o custo do tratamento é o maior entrave, mas já há estudos em outras partes do mundo que prometem torná-lo mais acessível. “Outro próximo passo será aplicar a técnica a tumores sólidos”, previu o especialista. 

A Jornada também apresentou o programa Nurse Navigator na assistência integrada ao paciente com câncer de mama, pela enfermeira Sabrina Brundo, a psicóloga Karine Viana Maciel e a fisioterapeuta Suélen da Silva de Vargas. “O fortalecimento da família, a análise do contexto social e o entendimento que o câncer provoca uma ruptura da identidade são aspecto que devem ser trabalhados e que influenciam nos resultados do tratamento”, observou Karine. 

Os cuidados com o transplantado de medula óssea foram discutidos pela médica Cláudia Astigarraga, do Serviço de Hematologia e Hemoterapia, e a Irradiação Corporal Total no transplante de medula óssea, pela enfermeira Flávia Prestes e a física Ana Cristina Leoni, do Hospital Moinhos de Vento. Outras abordagens da Jornada passaram pela Terapia de Primeira Linha da Leucemia Linfocítica Crônica e aspectos importantes da Biologia Molecular das Neoplasias Mielóides, com o médico hematologista da Universidade de São Paulo Paulo Campregher.


Autor: Cláudia Paes
Fonte: Critério

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