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Obra apresenta as dificuldades do Brasil em concretizar mudanças para a saúde mental

O Distrito Federal é o segundo pior do país quando se trata do atendimento em saúde mental oferecido pela repe pública. Cinquenta Centros de Atenção Psicossocial (Caps) seriam necessários para atender a população da capital, mas apenas seis estão em funcionamento. Para a a psicóloga Juliana Pacheco, a solução é a concretização da reforma psiquiátrica, que promoverá mudanças na internação, no cotidiano e nos serviços prestados por hospitais e centros especializados em distúrbios mentais.

Juliana traçou um panorama da saúde mental no país no livro Reforma psiquiátrica, uma realidade possível. A obra, lançada em 21 de outubro, é resultado da dissertação de mestrado de Juliana na pós-graduação de Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da UnB. "É uma linguagem simples e acessível", garante a pesquisadora de 33 anos, que realiza doutorado sobre o mesmo tema. de Juliana Pacheco.

O livro está dividido em duas partes. Primeiro aborda as representações sociais da loucura e o contexto histórico, desde a Grécia, passando pelos tratamentos médicos e psiquiátricos e mostrando as primeiras experiências do século XX. Na etapa seguinte, insere a reforma psiquiátrica no Brasil e apresenta o modelo pioneiro de Campinas, que transformou um hospital de dementes em um centro de convivência.

Conscientização

Juliana discute a implementação das políticas e a percepção da sociedade sobre elas. "A divulgação dos problemas da saúde mental é importante para conscientizar a população sobre a necessidade de mudar paradigmas", afirma Ileno Izídio, coordenador do Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos da UnB.

"Alguns acreditam que a convivência com quem sofre desses distúrbios é perigosa e que eles são incapazes. Antigamente eram internados durante décadas sob um alto custo. Hoje se gasta o mesmo dinheiro, mas eles se recuperam, ficam menos dependentes e conseguem trabalhar", explica Juliana.

Exemplo disso é o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, em Campinas. Desde 1993, a unidade é considerada modelo para a América Latina pela Organização Mundial de Saúde. "Hoje existe uma predisposição para a transformação. Lá, a receptividade foi boa, porque houve um incentivo para a comunidade tratar melhor os pacientes", ressalta Juliana.

A diretora do Instituto de Psicologia, Ângela Almeida, orientou a dissertação. Segundo ela, há muitas dificuldades para a realização da reforma psiquiátrica. No entanto, os problemas devem ser combatidos aos poucos, a nível estadual e, mais tarde, nacional. "Brasília é o local onde tudo deu errado. A população está desamparada porque, desde a extinção do São Vicente de Paula, não há um serviço substituto", ressalta Ângela.

 


Autor: Agência UnB
Fonte: Revista Psique

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