O GS1 Talks “Inteligência Artificial no Varejo: Fronteiras e Desafios” estreia no canal do YouTube da GS1 Brasil.

O episódio contou com a participação de quatro grandes nomes do setor: Eduardo Terra, Presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC); Sam James, Chief Data Officer (CDO) do Carrefour; Alexandre Maeoka, CEO das Farmácias Nissei; e Fátima Merlin, CEO da Connect Shopper.

Os convidados trouxeram suas percepções sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) nas operações do varejo, os desafios éticos e culturais, e as oportunidades que a IA oferece para o futuro do setor.

Transformando o Varejo com IA

Eduardo Terra abriu a discussão explorando como a Inteligência Artificial vem revolucionando o setor varejista.

Ele destacou que a IA é uma camada adicional de um movimento de digitalização que já vinha acontecendo há anos.

“O varejo, historicamente um setor muito analógico, está em uma onda de digitalização, e a IA é uma das principais forças dessa transformação”, afirmou Eduardo. Ele ainda explicou as duas fases distintas da IA: a clássica, que utiliza algoritmos para otimizar processos, como compra de produtos e alocação de funcionários, e a IA generativa, popularizada em 2022 com o ChatGPT, que permite a interação entre humanos e máquinas em linguagem natural.

Apesar do avanço, Eduardo reforçou que a adoção da IA no varejo ainda está nos estágios iniciais. “A IA se tornou uma prioridade, mas ainda não uma realidade”, pontuou, mencionando que muitos projetos estão em fase de piloto, sem grandes impactos ainda nas operações do varejo brasileiro.

O trabalho de IA no Carrefour

Sam James compartilhou a experiência do Carrefour na implementação de IA, destacando os desafios encontrados ao longo do caminho.

“O maior obstáculo que enfrentamos foi organizar nossos dados”, revelou Sam. Ele explicou que, antes de adotar a IA, o Carrefour enfrentava problemas com dados fragmentados e sem governança, o que tornava difícil tomar decisões precisas. “Inteligência Artificial é um modelo preditivo. Se você alimenta o sistema com dados ruins, obterá respostas ruins”, afirmou.

Hoje, o Carrefour já conta com uma equipe robusta de cientistas de dados e diversos modelos de IA em operação. No entanto, Sam destacou que o maior desafio ainda é a mudança cultural.

“Implementar IA vai além da tecnologia. É uma ruptura no modo de pensar e operar que afeta todo o negócio”, comentou. Ele enfatizou que, mesmo com as soluções técnicas em pleno funcionamento, é essencial trazer as equipes para essa nova realidade digital.

Farmácias Nissei

O CEO das Farmácias Nissei, discutiu como a IA tem melhorado a experiência do cliente em suas lojas.

Ele destacou que a empresa já utiliza IA desde 2018 para prever o comportamento do consumidor e personalizar promoções. “A IA nos permite entender melhor as necessidades dos nossos clientes e oferecer ofertas mais adequadas a eles”, afirmou.

Além disso, Alexandre destacou o papel da IA na otimização de estoques, um ponto crítico no varejo farmacêutico.

“Um dos maiores motivos de perda de clientes é a falta de produtos, e a IA nos ajuda a prever a demanda com maior precisão”, explicou.

Ele destacou que, com mais de 400 lojas, a IA é essencial para garantir que os produtos certos estejam nas prateleiras no momento certo.

Desafios éticos

Já a CEO da Connect Shopper, trouxe uma visão sobre o futuro da IA no varejo e os desafios que ainda precisam ser superados.

Ela ressaltou que, apesar dos avanços, o varejo ainda está apenas começando a explorar todo o potencial da IA. “A IA já está contribuindo para aumentar a produtividade, a eficiência e a rentabilidade das empresas, mas ainda há muito a ser feito”, afirmou Fátima.

Um dos pontos centrais levantados por Fátima foi o desafio de incorporar profissionais qualificados, como cientistas de dados, em um setor que tradicionalmente opera com mão de obra pouco qualificada. “Precisamos transformar o perfil dos colaboradores no varejo para que possamos aproveitar ao máximo o potencial da IA”, comentou.

Uso de dados no GS1 Talks

O debate também tocou em questões éticas relacionadas ao uso de dados. Eduardo Terra mencionou a importância de equilibrar o uso da tecnologia com o respeito à privacidade do consumidor. “A tecnologia avança mais rápido do que as regulamentações. Temos que ter cuidado ao lidar com dados sensíveis, como o reconhecimento facial nas lojas”, alertou Eduardo.

Sam James complementou esse ponto ao mencionar que a linha entre inovação e invasão de privacidade é tênue.

“No varejo, o uso de dados é essencial para oferecer uma experiência personalizada, mas é importante saber até onde podemos ir sem invadir a privacidade dos consumidores”, afirmou.

Futuro

O episódio foi encerrado com uma reflexão sobre os investimentos necessários para que a IA tenha sucesso no varejo.

Sam James destacou que o Carrefour já vê retorno positivo nos investimentos feitos em IA. “Nosso objetivo é que cada real investido em IA retorne 2,5 vezes em margem ao final do ano”, comentou.

Eduardo Terra ressaltou a importância de investir em infraestrutura de tecnologia e em organização de dados antes de implementar soluções de IA.

“Sem uma base sólida, não adianta investir em soluções de IA. Tudo começa pela organização dos dados e pela mudança cultural dentro das empresas”, afirmou.

Fátima Merlin finalizou a discussão destacando que o sucesso da IA no varejo depende não apenas da tecnologia, mas de uma nova mentalidade empresarial.

“O varejo precisa se reinventar, repensar sua cultura e preparar suas equipes para essa nova realidade”, concluiu.

Assista o GS1 Talks

Quer conferir o episódio completo? Acesse o canal do YouTube da GS1 Brasil para mais detalhes sobre como a Inteligência Artificial está transformando o futuro do varejo.

Foto: reprodução