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Discussão envolvendo Hospital de Clínicas de Porto Alegre é equivocada

 

Entrevista com o presidente da Federação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul (Fehosul), Cláudio Allgayer, que representa 12 Sindicatos filiados em todo o Estado, abrangendo mais de 3500 estabelecimentos de saúde.
 
Como o senhor está vendo, como presidente da Fehosul, a Ação Civil Pública do Ministério Público Federal em relação ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que quer obrigar a instituição a somente atender pacientes do SUS?
 
A discussão é equivocada. Esta se origina de um part-de-pris ideológico, atrasado em pelo menos 20 anos, aliado a excesso de formalismo jurídico em detrimento do real interesse público que deveria se orientar para a segurança do paciente e a qualidade assistencial.
  
O modelo atual do HCPA foi implantado pelo falecido Ministro Carlos Albuquerque, seu amigo, quando na presidência do hospital. É considerado um "case" na gestão hospitalar e o HCPA é reconhecido como instituição de referência e excelência. Obrigá-lo a rever o modelo de gestão não seria um retrocesso? Qual a posição da Federação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul a respeito dessa polêmica?
 
A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul apóia todas as iniciativas e modelos que valorizem a capacitação contínua dos colaboradores, a garantia da qualidade assistencial, a adoção de medidas responsáveis de segurança ao usuário, a integralidade dos cuidados e a busca de melhores resultados, condições e atributos reconhecidamente presentes no atual modelo de gestão do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
 
O senhor acredita que esta ação, se obtiver sucesso, poderia tornar os serviços do HCPA menos qualificados, já que muitos profissionais desta instituição são professores de renome e talvez passem, daqui pra frente, mais tempo em seus consultórios ou em outros hospitais atendendo a seus pacientes? No caso da Ação Civil Pública obter sucesso, como o senhor avalia a repercussão no setor hospitalar do Estado do RS?
 
A crescente judicialização do setor saúde vem deslocando discussões que naturalmente deveriam ocorrer no âmbito próprio do sistema, com a participação dos administradores públicos, gestores de hospitais e outras unidades, profissionais de saúde e mesmo políticos com mandato da sociedade, para instâncias que, muitas vezes, não estão e bem instrumentalizadas para a melhor e habilitada compreensão da crescentemente complexa praxis assistencial.

Autor: Equipe SIS.SAÚDE
Fonte: Dr. Cláudio Allgayer

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