Mais pessoas pagaram médicos particulares em 2008 do que em 2003. Embora ainda seja o tipo de serviço de saúde menos realizado no Brasil, esse crescimento preocupa tanto o setor público quanto o privado, já que é um grupo crescente que não teve acesso, ou não quis ter, ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aos planos de saúde.
Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5 milhões de pessoas gastaram dinheiro do próprio bolso para serem atendidas por um médico em 2008, contra 3,7 milhões em 2003, o que representa uma alta de 35,1%.
Esse grupo de insatisfeitos (ou excluídos) é uma minoria que faz cada vez mais barulho, já que responderam por 18% dos atendimentos em 2008, ante 14,8% em 2003.
O SUS ainda atende à maioria da população, mas incluiu uma fatia menor de pacientes do que os particulares e os planos de saúde nesse período. Em 2008, cerca de 14,9 milhões de pessoas foram atendidas na rede pública e isso representou 56,3% dos atendimentos, um crescimento de 4,2% na comparação com 2003.
Os atendimentos financiados por planos de saúde também cresceram pouco (7,7%) no período.
Essa fatia cada vez maior de pessoas que pagaram por um médico pode indicar “gargalos” do SUS.
O Ministro Temporão, da Saúde, reconhece: “é impossível querer dar saúde universal de qualidade em todo o território nacional, do procedimento mais simples ao transplante de órgãos, numa base de financiamento onde 60% do gasto são das famílias e das empresas. No Brasil, a participação do gasto público no total é de 40%. Na Inglaterra, que tem um sistema com a mesma filosofia que o nosso, 80% do gasto é público”.
As melhorias na economia brasileira podem ter contribuído para que as pessoas procurem mais por médicos por conta própria, do que por convênios ou rede pública.