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Saiba mais sobre esta doença

Caxumba, parotidite infecciosa, parotidite epidêmica ou papeira é uma doença infecciosa, que tem como agente etiológico (causador) um vírus da família Paramyxoviriadae, gênero Rubulavirus (paramixovirus), e tem como principal manifestação clínica a inflamação da glândula parótida (a maior das três glândulas salivares pares) e eventualmente a inflamação das outras glândulas salivares maiores, promovendo um inchaço da face e do pescoço, podendo ser uni ou bilateral.

Quais são os sintomas e complicações?

O período de incubação é de 12 a 25 dias. A infecção pode resultar em manifestações subclínicas ou assintomáticas. Quando se manifesta clinicamente, os principais sinais e sintomas são: inchaço das glândulas salivares, especialmente da parótida, febre, náuseas, sudorese, dores no corpo, anorexia, cefaleia, com a duração de 7 a 10 dias, tendo normalmente resolução espontânea. Em alguns casos a caxumba pode evoluir para complicações, inflamação nos testículos (orquiepididimite), ovários (ooforite), coração (miocardite) e sistema nervoso central (meningite e encefalite), como a meningoencefalite fatal; raramente ocorrem casos de pancreatite e de surdez. A caxumba pode também causar plaquetopenia, porém as manifestações hemorrágicas são muito raras; podem eventualmente determinar casos de artrite e glomerulonefrite. Quando ocorrem em gestantes no primeiro trimestre da gravidez, podem ocasionar aborto, mas não há relato científico relacionando com más-formações congênitas.

É possível vacinar-se contra a caxumba? A imunização é prévia ou a vacina cura?

Sim, a vacinação produz imunidade em mais de 97% dos indivíduos. A vacina é obtida com o vírus atenuado e deve ser administrada em pessoas de ambos os sexos em qualquer idade, no entanto é contraindicada para pacientes gestantes, como também para imunodeficientes. Desde 1992 é empregada na rede pública, o que determinou uma redução evidente dos casos de caxumba, rubéola e sarampo. É recomendada em crianças em duas doses no primeiro ano de vida e a segunda entre quatro e seis anos e em dose única para adolescentes e adultos. A vacina é produzida a partir de vírus atenuados. A aplicação deve ser por via subcutânea, a partir dos 12 meses de idade, em dose única.

Como é possível prevenir?

O vírus é de ocorrência mundial e obviamente é mais frequente em regiões onde não existe cobertura vacinal. O homem é o único hospedeiro natural do vírus. A transmissão, como tantas outras doenças virais, se dá através das secreções de um indivíduo portador para um susceptível. O vírus se replica na mucosa das vias aéreas superiores e nos gânglios linfáticos; após um período de incubação de 12 a 25 dias, ocorre disseminação do vírus através da corrente sanguínea (viremia). Durante este período se dissemina pelo organismo, replicando-se nas células dos tecidos das glândulas salivares, testículos, ovários, meninges etc. A infecção pelo vírus com ou sem manifestações clínicas normalmente determina uma imunidade permanente.

Como é o tratamento?

Não existe tratamento específico para a doença, apenas tratamento dos sintomas. Dessa forma utilizam-se antitérmicos analgésicos e repouso, bem como compressas frias, ingestão de alimentos líquidos, evitando-se também os de origem cítrica, que estimulam a produção de saliva. Deve-se também evitar o contato com outras pessoas até a remissão dos sintomas, para prevenir a disseminação do vírus. Não são indicados medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico, pelo risco de facilitar sangramento, uma vez que a infecção pelo vírus pode determinar uma plaquetopenia e o uso desse medicamento pode facilitar eventualmente o risco de sangramento.


Por quê a doença é conhecida por causar infertilidade nos homens adultos? Essa é uma das consequências se não for tratada? O que mais pode acontecer?

A complicação mais comum da caxumba é a orquiepididimite, que causa a esterilização do homem, levando à infertilidade, bastante conhecida da cultura popular. Não é uma consequência do tratamento, pois não existe para tal, no entanto o repouso é indicado para não facilitar as complicações da viremia. Eventualmente o paciente que desenvolve uma orquiepididimite, além de poder apresentar uma azoospermia (caracteriza a situação em que nenhum espermatozóide é detectado no sémen ejaculado), pode ter atrofia dos testículos, acarretando uma diminuição dos hormônios masculinos, podendo influenciar no desempenho sexual.

Referências

Godoy, C.V.F.; Brito, T.; Tiriba, A.C.; Campos, C.M. Fatal mumps meningoencefalitis. Isolation of virus from human brain, Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 11(6): 436-438, Nov./Dez. 1969 – 2ª pergunta

Dr. Cláudio Mendes de Campos é Pós-graduado ao nível de Doutorado em Microbiologia e Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, doutor em Microbiologia e Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, 1977.


Autor: Dr. Cláudio Mendes de Campos
Fonte: Site Idmed

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